Foto: Divulgação internet

A série estadunidense “The Bold Type” narra as venturas e as desventuras de amigas que, juntas, podem ser quem elas quiserem, inclusive, elas mesmas. Sem medos!

Por Paloma Chierici

Ser mulher não é fácil e não é um clichê, mas quando nos juntamos, quando nos unimos, quando não entramos neste jogo horrendo da sociedade que insiste em transforma-nos em “Amigas e Rivais”, como a novela mexicana, a caminhada pode ser muito mais amena.

Foi exatamente esta sensação que senti ao assistir à série “The bold type”, disponível na Netflix e traduzida livremente e assertivamente pelo streaming como “Poder Feminino”. O Google tradutor diz que é “o tipo negrito”, mas gosto mais da versão da nossa amiga que nos faz ficar em casa maratonando coisas.  

Sobre a série, Bárbara, a então estagiária do Portal Gama, indicou-a em um se seus textos que você pode ler aqui (https://portalgama.com.br/vamos-de-indicacao-2/ ). Lá, ela escreveu que “a série aborda a vida de três amigas que trabalham em uma famosa revista de Nova York. A trama contém lições sobre relacionamentos, carreira, amizade, família e muito mais! Além de abordar questões bastante atuais, a série também conta com um roteiro que insere a importância da diversidade o tempo todo”.

Confesso que minha amiga Geralda me indicou a série um pouco antes do texto da Bárbara e que terminei de ver as 4 temporadas disponíveis na Netflix, manda logo a 5ª, miga!, em um zás-trás, como dizem os jovens. Eu que procurava uma série levezinha para ver em um domingo de descanso, deparei-me com uma obra singela, simples, alegre, mas que promove reflexões necessárias, e não só para nós mulheres.

E se você não procura spoiler, bora ler outros textos do Portal e pare este por aqui. Vou tentar não contar coisas importantes, mas não prometo nada. Minha cabeça pisciana vai deixar escapulir uma coisa ou outra.

Bom, se você continuou é por sua conta e risco.

Além de discutir aspectos importantes e difíceis do universo feminino, “The Bold Type” já chega quebrando um estereótipo, sobretudo das comédias românticas, de que mulher que se destaca na carreira profissional tem sempre que ter uma inimiga no ambiente de trabalho. Mentira, gente! Podemos ser amigas, lindas, gostosas e bem sucedidas sem sermos rivais sim!

A trama gira entre 3 jovens amigas que trabalham em uma grande editora. Todas, em uma das revistas produzidas por esta empresa e cada uma, apesar da mesma idade, em um diferente momento da carreira. Além disso, elas têm uma vida pregressa diferente, muitas vezes, pensam diferente, e nem por isso não foi possível construir laços, pelo contrário.

Além das 3 e da amizade entre elas, adoro também a chefe que elas têm, a editora-chefe da revista. Quando crescer quero ser como ela inclusive. O estremo oposto da chefona de “O Diabo Veste Prada”, que adoro também, mas tenho minha favorita. Chefes podem e devem ser boas pessoas, fica a dica!

A série parece, a bem da verdade, um fantástico mundo de Bob. Três amigas, felizes, em Nova Iorque, trabalhando, beijando umas bocas…. tudo bem legal, mas sutilmente, em cada episódio, somos surpreendidos e sacudidos com temas fortes, mas que são comuns nas vidas de todas nós mulheres.

Gente, minha pergunta é: por que temos que passar por tantas coisas difíceis só por sermos mulheres? Há um sem-fim de temas que a série retrata que eu poderia listar, como a descoberta da sexualidade e racismo, mas lembrei que spoiler não é legal. Os que mais me tocou foi, por exemplo, a cobrança por não querer ter um filho. E o pior, sentimo-nos mal, cruéis inclusive, pelo fato de preferirmos algo como nossa carreira.

Essa vergonha, esse pesar, essa sensação terrível de não poder dar o que “eles” querem é fomentado por este papel que nos impõem desde sempre. Por que devemos nos forçar para caber em um espaço que não é nosso? Para agradar a quem? A série mostra essa necessidade de a mulher ter que optar por ser ela mesma e fazer o que tem vontade, como ser fera na sua profissão ou ser fera no papel que a sociedade lhe deu, o de esposa e de mãe. Permitam-me um spoiler, é possível! Você só precisa ter a certeza de quem você é, que nada e ninguém vai te parar!

Outro ponto que me tocou bastante foi quando uma das personagens não consegue se reconhecer no “novo” corpo que ela foi obrigada a ter. O que acontece é que a mãe dela morreu em decorrência de um câncer de mama e ela descobre que é propensa à doença. Assim, ela resolve fazer uma mastectomia e logo uma reconstrução. Pude ver, com as cenas, que o processo não termina em se ver um pouco mais distante da possibilidade de ter a doença, o caminho é longo, mas, como diz o poeta que eu esqueci o nome: o caminho se faz caminhando. Ou algo assim.

Ah gente, poderia escrever aqui quase as mesmas páginas de uma dissertação ou de uma tese, desculpem-me a hipérbole, mas vou parar aqui para que você tenha o interesse e a curiosidade de assistir a essa maravilhosa série, vale a pena. E sim, como diria Simone de Beauvoir, “a mulher não nasce mulher. Chega-se a sê-lo”. Só que podemos ser quem queremos! E juntas, o processo pode que não seja mais fácil, mas pode ser mais leve quando se tem alguém para te ajudar a suportar, carregar o fardo… alguém que te ofereça um ombro e um vinho. Uma amiga! E sobre isso…

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